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A absorção de dióxido de carbono (CO2) pelas florestas europeias está em declínio causado pelos efeitos da seca e da exploração florestal, o que ameaça os objetivos climáticos da União Europeia, segundo um estudo publicado na revista científica Nature, nesta primeira semana do mês de agosto.
“A capacidade das florestas funcionarem como sumidouros de carbono está a diminuir rapidamente”, afirma a equipa de investigadores internacional, liderada por cientistas do Centro Comum de Investigação, um organismo da União Europeia (UE).
As florestas cobrem cerca de 40% da superfície terrestre da UE e absorveram cerca de 436 milhões de toneladas de CO2 por ano, entre 1990 e 2022, o que corresponde a cerca de 10% das emissões resultantes da atividade humana no bloco comunitário.
Mas a tendência não é animadora, uma vez que a absorção pelas florestas caiu quase um terço entre os anos de 2010 e 2014, e 2020 e 2022. De acordo com os pesquisadores, estudos recentes sugerem mesmo um “declínio ainda mais pronunciado”.
A capacidade das florestas de absorver dióxido de carbono decresce por causa das secas, ondas de calor, ataques de insetos e incêndios, mas também em função da exploração florestal. Estes fatores põem em dúvida os objetivos climáticos da UE, que visa a neutralidade carbônica em 2050, o que pressupõe que as emissões residuais sejam absorvidas por sumidouros de carbono naturais tais como os solos e as florestas, ou por tecnologias para esse efeito.
Mas também os estudiosos sugerem medir melhor os fluxos de carbono entre o solo, a vegetação e a atmosfera, e detalhar cenários sobre a forma como os eventos climáticos extremos vão afetar os sumidouros de carbono no futuro.
“Inverter o declínio da capacidade das florestas europeias de armazenamento de carbono é essencial – e isso ainda é possível – com ações audaciosas e fundadas na ciência atual”, disse Giacomo Grassi, coautor do estudo.
Entre as soluções estão a gestão florestal para as tornar mais resistentes ao clima futuro e a condições extremas, a evolução dos modelos de exploração florestal e a melhoria da vigilância das florestas europeias.
Os pesquisadores sublinham a necessidade de melhorar o conhecimento ainda deficitário sobre a matéria, referindo que vários países europeus dependem de inventários florestais pontuais que não oferecem um quadro preciso e dinâmico da evolução.
Sugerem, ainda, medir melhor os fluxos de carbono entre o solo, a vegetação e a atmosfera, e detalhar cenários sobre a forma como os eventos climáticos extremos vão afetar os sumidouros de carbono no futuro.
Preparação da União Europeia para a COP30
A UE está se mobilizando para a COP30 em Belém com uma agenda ambiciosa centrada em sua política florestal. A estratégia europeia tem como pilar central a “Estratégia da UE para as Florestas 2030”, uma iniciativa do Pacto Ecológico Europeu que se baseia na Estratégia de Biodiversidade da UE para 2030, com horizonte para contribuir com uma redução em pelo menos 55% das emissões de gases com efeito de estufa até 2030 e para a neutralidade climática em 2050.
Um dos compromissos mais visíveis da UE é o ambicioso programa de reflorestamento. A estratégia é acompanhada de um roteiro para a plantação de mais três bilhões de árvores em toda a Europa até 2030, seguindo o conceito de “a árvore certa no local certo para o fim certo”. Esta iniciativa representa um esforço coordenado para transformar as florestas europeias em sumidouros de carbono mais eficientes.
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